terça-feira, agosto 30, 2005

PIIP - Programas de Investimentos em Infra-estruturas Prioritárias

Em relação ao PIIP, este apresenta várias propostas, algumas bastante boas e interessantes, e outras que denotam uma total falta de estudo e de informação.
Em primeiro lugar o aeroporto da Ota. Tendo em conta o tráfego aéreo que se verifica em Portugal acho que não se justifica o investimento nesta infra-estrutura, antes uma melhoria das condições do aeroporto da Portela e uma expansão do mesmo seriam melhores opções. Podem dizer que é perigosa a sua localização devido à expansão urbana de uma cidade como Lisboa, mas bastam algumas limitações no PDM de Lisboa para o perigo diminuir, limitação das alturas das construções e da quantidade de construções permitidas em volta do aeroporto. Caso se avance para a construção de um novo aeroporto, acho que se devia ponderar uma melhor localização. A Ota fica a 40 kms de Lisboa numa zona de fracas acessibilidades, fica mais longe de Lisboa que a própria Vila Franca de Xira. Não esqueçamos que se o aeroporto for construído é necessário garantir a ligação a Lisboa em tempo útil, e não apenas através de estradas, mas sobretudo de ligações ferroviárias, muito mais rápidas e eficazes para enfrentar os caóticos acessos a Lisboa numa manhã de um dia da semana. Até porque para ir para Lisboa por bons acessos, é preciso entrar numa via concessionada pela Brisa, a A1 e como tal pagar a devida portagem. E depois é preciso saber o que se vai fazer com o Aeroporto da Portela. Vai ser encerrado? Se sim, que se vai fazer daquele espaço imenso? Vai continuar em funcionamento? Será necessário uma cidade como Lisboa ter dois aeroportos internacionais a funcionar? Paris, capital de um país muito mais desenvolvido que o nosso, tem 5 vezes mais habitantes que Lisboa e apenas tem dois aeroportos internacionais a funcionar. Sendo o nosso país bastante dependente do turismo, julgo que seria bastante mais interessante o desenvolvimento de um aeroporto internacional no Algarve, em vez do reduzido aeroporto que existe na zona de Faro. Era bastante útil um aeroporto que servisse de forma útil as ligações do estrangeiro ao Algarve sem ter que obrigar os turistas ao transtorno de fazer escala no Porto ou em Lisboa. Por fim, o governo anuncia que o aeroporto será na sua maioria alvo de investimento privado. É então necessário garantir esse mesmo investimento e determinar, ao certo, quanto vai custar, na parte de investimento público, esta infra-estrutura ao bolso dos contribuintes portugueses no imediato e no futuro.
Outro projecto de grande envergadura é o TGV. Na minha opinião, julgo que é bastante útil e necessária, uma alternativa à ligação aérea, entre as principais cidades portuguesas e as capitais europeias. Desconhecendo os projectos de Espanha para o TGV, um ligação entre o Porto e A Coruña, e não apenas até Vigo, uma indispensável ligação entre o Porto e Lisboa e por fim Lisboa a Madrid seguida de Madrid – Barcelona – Paris, traria um enorme desenvolvimento a toda a zona da Península Ibérica e uma facilidade de movimentos incrível para os cidadãos. Este projecto tem o defeito de ser, de todos os apresentados no PIIP, o mais ambicioso e consequentemente o que envolve mais encargos financeiros, sobretudo para os bolsos dos portugueses. Mas, como em todos os projectos em Portugal, há uma coisa que é uma incrível anormalidade! O governo estava em duvida entre uma versão económica do TGV, capaz de atingir 220km/h, ou a versão normal capaz de atingir altas velocidades. Ora, caso os nossos políticos não saibam, o que é normal visto viajarem sempre nos seus BMW e Mercedes patrocinados pelos bolsos dos contribuintes, 220km/h é a velocidade que o Pendular é capaz de atingir. Para isto mais vale acabar de remodelar a linha do Pendular para ele aproveitar ao máximo o seu potencial, ao contrario do que acontece actualmente. Assim já se poupava uns bons milhões de euros, só que o problema era o projecto não ter o mesmo nome, e assim não criava o mesmo impacto na sociedade e os políticos ficavam sem a publicidade que daí advém. É preciso abrir os olhos. Se for para avançar com um TGV moderno, capaz de servir os portugueses de forma correcta, deve-se avançar, caso contrário não vale a pena delapidar mais os bolsos dos portugueses.
Quanto ao tema energético, devo dizer que é de vital importância para a nossa economia encontrar formas de produzir energia que nos tornem mais independentes do estrangeiro, mas sobretudo do monopólio petrolífero. Nesta altura, em que a escalada dos preços do petróleo é quase imparável, é urgente encontrar fontes de energia que substituam as centrais termoeléctricas. Foi importante ver que o governo está a apostar nesta área, mas é preciso muito mais. Esta é a área onde os proveitos a curto e longo prazo são mais que certos. Estações eólicas, barragens, energia dos oceanos, energia solar, são tudo áreas a investir. Existem várias formas potenciais de aproveitamento da energia dos oceanos: energia das marés, energia associada ao diferencial térmico, correntes marítimas e energia das ondas. Num país com uma costa tão vasta como o nosso, não falta sítios onde aplicar este aproveitamento.
Por fim resta dizer antes de qualquer investimento é necessário analisar se ele realmente vai trazer proveitos consideráveis aos portugueses e não apenas se vão criar boa imagem aos políticos. A estes que nos governam, coragem e sabedoria é o que desejo!




Flávio Flórido
Colaborador Abarrotado